O Lado Obscuro Do Marketing De Influência: Quando A Fama Encontra A Fraude

Virginia Fonseca no Lady Night - versão modificada

Foto original por Multishow, licença CC BY 3.0. Imagem modificada.

Quando a Influência Digital se Transforma em Fraude!

Nos últimos anos, a internet se consolidou como um dos maiores palcos de negócios do mundo. Entre anúncios legítimos e oportunidades reais de crescimento, existe também um universo sombrio: o das fraudes digitais promovidas por influenciadores. Esses criadores de conteúdo, que conquistam multidões com carisma e proximidade com seus seguidores, muitas vezes acabam se tornando peças-chave em esquemas que lesam justamente quem mais confia neles: os fãs.

Casos recentes no Brasil

Casos recentes mostraram que até nomes gigantes do cenário brasileiro não estão imunes a esse tipo de investigação. A influenciadora Virginia Fonseca e a advogada e ex-peoa de reality show Deolane Bezerra já foram apontadas em apurações relacionadas à divulgação de empresas suspeitas e possíveis práticas fraudulentas. O impacto é duplo:

  • As autoridades precisam lidar com a dimensão dos golpes.
  • Milhões de seguidores descobrem que podem ter sido atraídos para propostas enganosas justamente por quem admiram.

Exemplos de influenciadores envolvidos

O problema vai além dos nomes mais conhecidos. Um exemplo típico é o da ex-Fazenda e influenciadora Nathalia Valente, que ganhou notoriedade não apenas por sua presença digital, mas também pela insistência em divulgar oportunidades suspeitas no Instagram. O caso chegou a um ponto em que o próprio Instagram desativou o perfil dela, não se sabe se foi por esse motivo... uma medida rara, mas necessária, para conter a propagação desse tipo de conteúdo.

Influenciadores do bem: alertando sobre fraudes

Guga Figueiredo - versão modificada

Foto por @gugafigu. Imagem modificada.

Apesar do cenário preocupante de influenciadores que promovem golpes, existem também criadores de conteúdo que usam sua notoriedade para proteger os seguidores. Esses influenciadores do bem não estão interessados em ganhar dinheiro rápido com plataformas suspeitas; ao contrário, eles produzem vídeos e posts alertando sobre práticas fraudulentas e mostrando como alguns influenciadores tratam seus fãs de forma desrespeitosa, muitas vezes tentando tirar proveito financeiro deles.

Um exemplo notável é o Guga Figueiredo @gugafigu, que mantém sua conta ativa no Instagram com o objetivo de informar e educar o público. Ele analisa as ofertas promovidas por outros influenciadores, explicando passo a passo como os golpes funcionam e quais sinais observar para não cair em armadilhas. Além disso, ele fornece dicas práticas de segurança digital, mostrando como identificar perfis falsos, comentários manipulados e promessas de ganhos fáceis que na realidade só prejudicam quem confia.

O trabalho desses influenciadores é fundamental, pois muitas pessoas, especialmente aquelas em situações financeiras delicadas, podem ser facilmente enganadas. Ao compartilhar informações detalhadas, exemplos reais e alertas constantes, eles ajudam a construir uma comunidade mais consciente e crítica, diminuindo o número de vítimas e reforçando a importância de pensar duas vezes antes de seguir qualquer promessa de dinheiro rápido na internet.

Além disso, esses influenciadores do bem criam um efeito multiplicador: seguidores informados passam a compartilhar essas informações com amigos e familiares, aumentando ainda mais a conscientização sobre os riscos de golpes online. Dessa forma, a influência digital, que muitas vezes é usada para enganar, também pode se tornar uma poderosa ferramenta de proteção e educação.

Infelizmente muitas pessoas que nem são ricas — pessoas comuns ou até que vivem em extrema pobreza — em busca de dinheiro fácil acabam divulgando fraudes, querendo ganhar em cima de quem também não tem e está desesperado por dinheiro para sobreviver. Existem diversos perfis no TikTok onde pessoas comuns compram seguidores, comentários e curtidas para enganar as vítimas. No aplicativo mais famoso, o TikTok, isso está sendo bastante comum: as pessoas divulgam plataformas relacionadas, por exemplo, ao Spotify — “ganhe ouvindo música”. A pessoa entra nos comentários, vê um monte de comentários de gente dizendo que ganhou, e por falta de conhecimento ou por desespero acredita, cria uma conta na plataforma e passa a ter “ganhos” altíssimos, simplesmente sem fazer quase nada.

Foto de um vídeo postado por Renato Cunha - versão modificada

Foto por @renatocunha_re (TikTok). Imagem modificada.

Mas aí é que está o golpe: para sacar para a conta bancária é necessário efetuar uma taxa de saque — taxa essa que é bem alta, US$ 15 ou US$ 20 — e a pessoa com o saldo de US$ 1.500 na plataforma acredita: “vou sacar US$ 1.500, então não tem problema pagar US$ 20”. O final é triste: ela faz o pagamento da taxa e entra em um loop infinito, toda vez pedindo nova taxa; a pessoa só vai caindo cada vez mais no golpe e, quando cai na real, percebe que foi uma vítima.

O alerta para consumidores e profissionais

Esse cenário evidencia uma realidade dura: a fama muitas vezes serve como blindagem para práticas nocivas, e muitos influenciadores parecem não temer divulgar esquemas fraudulentos, pelo menos no Brasil. Para o público, fica a lição de que popularidade não é sinônimo de credibilidade. E para profissionais e marcas sérias do marketing digital, o desafio é ainda maior:

  • Educar o consumidor para identificar fraudes.
  • Reforçar a importância de investir em campanhas éticas e transparentes.

No fim das contas, o marketing de influência é uma ferramenta poderosa — mas, como toda ferramenta, pode ser usada para o bem ou para o mal. Cabe a cada um de nós, criadores e consumidores, distinguir quem realmente agrega valor de quem apenas mascara a fraude com fama e seguidores.

O crescimento das redes sociais deu voz a milhões de pessoas comuns, mas também abriu espaço para práticas que exploram justamente as vulnerabilidades humanas: o desejo por dinheiro fácil, a busca por oportunidades e a confiança em figuras carismáticas. Influenciadores sem compromisso com a verdade transformam a esperança das pessoas em lucro próprio, deixando um rastro de vítimas endividadas, frustradas e, muitas vezes, envergonhadas por terem acreditado em promessas ilusórias.

Por outro lado, a existência de influenciadores sérios e comprometidos com a ética mostra que ainda é possível resgatar a credibilidade do marketing digital. Criadores que denunciam golpes, como o @gugafigu e outros que seguem a mesma linha, provam que a influência pode ser usada como um verdadeiro serviço público, ajudando a proteger a sociedade de fraudes e educando as pessoas a não caírem em armadilhas virtuais.

O desafio agora é coletivo: as plataformas precisam assumir maior responsabilidade em fiscalizar e punir conteúdos enganosos, as autoridades devem intensificar investigações e aplicar sanções, e os próprios consumidores precisam desenvolver senso crítico para avaliar cada oferta que aparece na tela do celular. Seguir alguém famoso não deve ser sinônimo de confiança automática; é necessário questionar, pesquisar e refletir antes de clicar em links ou investir dinheiro.

Em última análise, o marketing de influência continuará crescendo e moldando a forma como marcas, ideias e pessoas se conectam no ambiente digital. O futuro desse mercado dependerá da capacidade de todos nós em construir uma cultura de consumo mais consciente, onde a informação de qualidade prevaleça sobre a ilusão e onde a influência seja usada não para manipular, mas para inspirar, orientar e transformar vidas de forma verdadeira e transparente.

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